Na madrugada desta sexta-feira (22), a Rússia executou um dos seus ataques mais intensos com artefatos explosivos e veículos aéreos não tripulados contra a infraestrutura de energia da Ucrânia desde o começo de sua invasão em larga escala.
Oficiais ucranianos relataram que no mínimo dez regiões do país sofreram impactos em um assalto contra pontos de fornecimento de energia em diversas localidades, incluindo Kharkiv, a leste, Odesa, no litoral, e Kryvyi Rih, na região central.
A campanha resultou em mais de um milhão de lares desprovidos de eletricidade na manhã de sexta, segundo informes de múltiplas autoridades locais. Somente a capital Kiev e o noroeste do país não foram afetados.
Dentre os alvos principais estava o maior empreendimento hidrelétrico da Ucrânia, localizado no rio Dnipro, na área meridional de Zaporizhzhia.
Ihor Syrota, diretor-geral da Ukridroenergo, companhia que administra o complexo, declarou que as duas plantas de geração de energia sofreram danos significativos e que é incerto quando ou se poderão voltar a operar.
Contudo, a barragem em si não estava em perigo de ruptura, após os operários abrirem as válvulas para permitir o fluxo da água rio abaixo, enfatizou Volodymyr Kudrytskyi, outro alto dirigente ucraniano do setor energético, em declaração à mídia nacional.
Kudrytskyi salientou que o bombardeio com mísseis e drones foi, provavelmente, o mais severo ataque isolado já realizado contra o sistema energético da Ucrânia.
A corporação energética que atua na área de Dnipropetrovsk, a DTEK, informou que mais de mil mineiros estavam em atividade subterrânea quando as minas de carvão na região ficaram sem energia.
Os mineiros foram resgatados para a superfície e não houve feridos, informou a DTEK, adicionando que a extração de carvão seria reiniciada assim que as minas fossem consertadas.
No mínimo três indivíduos perderam a vida nos ataques, com duas fatalidades registradas na região ocidental de Khmelnytskyi e uma em Zaporizhzhia.
Diversas pessoas estão desaparecidas e mais de dez sofreram lesões.
Lançamento de mais de 150 mísseis e drones
Mykola Oleshchuk, comandante da força aérea ucraniana, relatou que 151 mísseis e drones foram disparados, incluindo 12 mísseis balísticos Iskander M, 7 mísseis balísticos Kinzhal (Kh-47M2) e 5 mísseis de cruzeiro Kh-22.
Durante dois anos de conflito, esses modelos de mísseis se mostraram entre os mais desafiadores para serem interceptados pelas defesas aéreas da Ucrânia. Segundo Oleshchuk, todos os 24 mísseis evadiram das tentativas de interceptação.
Em outras regiões, o comandante da Força Aérea mencionou que 63 drones Shahed foram lançados, dos quais 55 foram interceptados.
Ele acrescentou que 40 mísseis de cruzeiro do tipo Kh-101/Kh-555 foram disparados, com 35 sendo abatidos, enquanto dois mísseis guiados Kh-59 foram lançados e interceptados.
Adicionalmente, 22 tipos de mísseis S-300 e S-400 – originalmente projetados como interceptadores antiaéreos, mas frequentemente usados pela Rússia como armamentos ofensivos – também foram utilizados. Normalmente, eles são ignorados pelos sistemas de defesa aérea devido ao curto intervalo de tempo disponível para interceptação.
